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domingo, 17 de julho de 2016

Aiko, menina doce

Ela se matou
quando vi suas costas nuas
a pele fria reluzia ao amanhecer
quando vi seus cabelos soltos
seu pescoço estava roxo
suspensa sobre o chão arenoso
ela havia partido para sempre
Aiko, o que você fez
pelo amor de Deus
o que você fez
devíamos ter ido para aquela cidade
talvez estivéssemos bem agora
eu contador de estrelas e você atriz
naquela manhã maldita vi seus pés
vi seus dedos semi dobrados
vi-a pendurada por uma corda
meu Deus do céu, Aiko
você não devia ter feito isso
ainda havia esperança
lembro-me da nossa infância
você era tão inteligente, tão tola
tão sorridente, tão cativante
eu te amei muito
menina doce 
 

sexta-feira, 1 de julho de 2016

O chão não cai

Toda a civilização humana é um grande apanhado de muitas construções, umas mais tortas que as outras, umas feitas de troncos grossos outras de varas finas. Essas construções nos tornam elegantes, homens racionais, admiráveis e ecléticos, mas a verdade é que, no fundo, não somos nada disso. Não passamos de uns bichinhos ousados. Se não fosse pelo meio urbano em que vivemos, o contato com a cultura acumulada de milênios e a educação que temos advinda dos nossos antecessores, agiríamos como nossos irmãos de 10 mil anos atrás. Então, para  mim, eu comparo as instituições humanas e todas as demais características civilizatórias como umas torres de madeira sobre um chão sólido. De vez em quando veem no verão tempestades avassaladoras, e essas estruturas de madeira chegam balançam e, muitas vezes, chegam até a cair. Porém, contudo, uma coisa é certa. O chão é a base de tudo. O chão não cai.