Meu melhor amigo Plank

Esse pequeno vídeo pode ser considerado um ótimo resumo da minha infância. Provavelmente o assisti pela primeira vez na casa da minha tia em algum momento do início dos anos 2000. Quando o vejo hoje, sinto todo o clima que transcorria naquela época(algo bem semelhante a um baú do tempo que, quando o abro, transbordam lembranças). Ah, o que eu não faria para voltar.
Meu deus, como passou rápido.

I will survive, Cake

Quando o sábio se vê diante da provação
não há receio emergente nem hesitação
segue em frente e cumpra teu dever

Trinta minutos de ócio

De repente ponho-me a pensar sobre o meu futuro, o que irei fazer ano que vem? Certo, existem algumas opções, por exemplo; recentemente tomei conhecimento de que o departamento estadual de trânsito estará contratando, e aí tenho uma grande chance, pois, considerando que o meu avô é um antigo funcionário de lá, posso ter uma indicação partida de dentro da empresa. O salário inicial é de mil e quinhentos reais, o que não é nada mal, e aos sábados e domingos não há trabalho.  Outra opção seria ingressar em uma universidade, de preferência pública, assim me dedicando primordialmente aos estudos, porém, não acho que tenha me saído bem o suficiente nos exames vestibulares para tomar uma vaga em um curso realmente interessante. Uma terceira opção, essa é a que mais me cativa, seria uma conciliação entre as duas anteriores; eu aceitaria o emprego no DETRAN, trabalhando pelo dia, e durante a noite faria faculdade. - me informaram que quem faz faculdade tem o horário reduzido, sem penalidades no salário - Acho que sou capaz disso. Sou homem, sou adulto, chega de infantilidades, agora mais do que nunca é hora de agir, tenho dezoito anos e não posso deixar que esse tempo passe sem que renda bons frutos. Sim, nesse ano será diferente, serei dedicado ao trabalho e aos estudos, porém, não obstante, não posso me esquecer da questão primordial, escrever, não posso deixar de escrever com assiduidade. Escrever, escrever, escrever. Escrever é o que mais importa.
Agora, sobre o presente de natal...  

MERITOCRACIA

Algumas pessoas (como é o caso desse senhor do vídeo) acreditam, provavelmente por não terem tentado olhar o assunto por uma outra perspectiva, que o mérito está sempre ligado ao esforço, ou empenho, ou dedicação, em uma determinado função, seja em estudar, seja em se preparar a um devido mercado, e é claro que essas pessoas, as que pensam dessa maneira, estão totalmente equivocadas, pois, se você consegue mais valor ao serviço que você oferece, seja com esforço ou sem o mínimo de esforço e dedicação, isso é mérito seu! Todinho seu! Pronto! É óbvio que o mercado naturalmente é sim meritocrático, contando que você o sirva bem, atendendo as suas necessidades, é mérito seu! E você será recompensado. Isso é meritocracia. Viu a necessidade, atenda.

Sobre Noites Brancas e invernos sem fim

Fiódor Dostoiévski novamente me surpreende como ninguém e, desta vez, de um jeito completamente diferente. Noites Brancas é uma novela encantadora, tanto pelo modo de narração tanto pelo enredo em si - ah, e a riqueza vívida dos personagens é incrível - a partir do momento em que comecei a me dedicar a lê-la não tive mais vontade de parar, sério, sem dúvidas, dentre todas as leituras que já tive do mestre Fiotienko, essa foi a que mais me prendeu, a que mais capturou a minha quase sempre dissipada atenção, e já nisso se vê todo o mérito. Ademais, é uma obra extremamente indicada para uma iniciação na leitura dos russos, vista a facilidade literária que apresenta, mas não se engane, facilidade não é o mesmo que superficialidade, pois esta narrativa certamente é muito profunda, tanto que eu fiquei muito tocado e, agora, mesmo eu já tendo lido uns tantos livros russos, me sinto mil vezes motivado a ler ainda mais. Petersburgo é realmente uma cidade linda.

Proibição da Vaquejada

Que dano maior pode ser causado á um ser qualquer do que a própria morte? Ora, se é permissivo o abate, e tendo a consciência do benefício gerado por este, tanto para a espécie abatida, o boi, dada a sobrevivência da espécie como um todo sob a tutela humana, quanto a que consome, o homem, dada a movimentação comercial e a caracterização cultural de uma determinada região, também os puxões de rabo e tombos em forma de entretenimento barato geram tais benefícios, logo, as vaquejadas, assim como, por exemplo, o abate de animais para o consumo humano, devem permanecer.

Há dez anos

Há dez anos
quando eu dizia que o mundo ia acabar
as pessoas riam de mim
hoje
eu rio delas

Há dez anos

Laissez Faire

Essa ideia de graduação de mini estado até um estado zero tem origem no conceito de "progressão histórica"(podendo ser interpretado de forma análoga aos objetivos marxistas; primeiro um sistema intermediário, o chamado socialismo, e depois a realização da utopia, o comunismo). Ao meu ver esses tipos de ideias não devem ser proliferadas por liberais sérios, logo, devemos aderir a um sistema funcional e totalmente cabível nesse exato momento, sem fraquejar e sem delirar com possíveis futuros fantasiosos,(lembrem-se, prudência sempre) assim apoiando o livre mercado e o estado mínimo.

18

São dez horas da manhã e você permanece dormindo
o despertador já deveria ter tocado, mas não tocou
em seus sonhos tranquilos/intranquilos você continua o mesmo
fora, você se acha diferente, mas, ao mesmo tempo, igual
se a bola não tivesse caído do outro lado do muro talvez as coisas tivessem sido diferentes
o sol, advindo da janela, já bate a porção sul da cama e aos poucos vai subindo
há uma certa inquietação dentro de você, lá no fundo, há algo de errado
parabéns, hoje você completa 18 anos  

Necessida

Eu necessito de uma boceta
todas as noites o meu pau lateja
está incontrolável
essa necessidade tem de ser suprida
deve ser o quanto antes saciada!

às 23 horas ponho-me a deitar
nesse momento ele ainda é flácido
leio por algum tempo e depois durmo
às 3 acordo de um sonho estranho
agora já está duro
às 4 e 21 acordo sem razão alguma
continua duro
ponho prum lado ponho prum outro
e permanece duro
às 6 acordo e me levanto
vou até o banheiro e horas vejam só
num é que o instrumento ainda está duro
vai ser difícil mijar nessas condições
preciso de uma boceta
aí vai uma curiosidade que me instiga
o pênis serve para duas coisas
já o buraco de meter só serve para uma
eu preciso de uma boceta quente
que circunde o meu pênis
uma que se esfregue lá embaixo
com toda a malemolência desejável
acho que não é pedir muito
é questão de necessidade 
ah como necessito

A gente tenta

a gente só tenta
tenta o tempo todo
tenta de tudo
tenta de novo
e quando dá
a gente tenta mais um pouco

às vezes a gente nem quer
às vezes a comida tá no forno
às vezes tá chovendo lá fora
às vezes é ano novo 
mas a gente tenta
sempre a gente tenta
e não adianta
vai tentar de novo
 
a gente tenta desenhar
a gente tenta tocar
a gente tenta escrever
a gente tenta amar
a gente tenta

a gente tenta mesmo já sabendo que não vai dá
só segurando a barra, tentando de alguma forma continuar
no fundo, lá fundo, a gente sabe
sabe que amanhã vai ser a mesma coisa
mas a gente tenta
é, a gente tenta

a gente tenta entender
a gente tenta ganhar
a gente tenta esquecer
a gente tenta voltar

a gente nunca para de tentar

Aiko, menina doce

Ela se matou
quando vi suas costas nuas
a pele fria reluzia ao amanhecer
quando vi seus cabelos soltos
seu pescoço estava roxo
suspensa sobre o chão arenoso
ela havia partido para sempre
Aiko, o que você fez
pelo amor de Deus
o que você fez
devíamos ter ido para aquela cidade
talvez estivéssemos bem agora
eu contador de estrelas e você atriz
naquela manhã maldita vi seus pés
vi seus dedos semi dobrados
vi-a pendurada por uma corda
meu Deus do céu, Aiko
você não devia ter feito isso
ainda havia esperança
lembro-me da nossa infância
você era tão inteligente, tão tola
tão sorridente, tão cativante
eu te amei muito
menina doce 
 

O chão não cai

Toda a civilização humana é um grande apanhado de muitas construções, umas mais tortas que as outras, umas feitas de troncos grossos outras de varas finas. Essas construções nos tornam elegantes, homens racionais, admiráveis e ecléticos, mas a verdade é que, no fundo, não somos nada disso. Não passamos de uns bichinhos ousados. Se não fosse pelo meio urbano em que vivemos, o contato com a cultura acumulada de milênios e a educação que temos advinda dos nossos antecessores, agiríamos como nossos irmãos de 10 mil anos atrás. Então, para  mim, eu comparo as instituições humanas e todas as demais características civilizatórias como umas torres de madeira sobre um chão sólido. De vez em quando veem no verão tempestades avassaladoras, e essas estruturas de madeira chegam balançam e, muitas vezes, chegam até a cair. Porém, contudo, uma coisa é certa. O chão é a base de tudo. O chão não cai.  

Ela (her)

Na janela, no telhado, na sisterna
às vezes dormindo
frequentemente vejo-a no sofá
com suas garras prontas para atacar
às vezes se divertindo
no muro, no chão, piruetando
na mente, no coração, jogando
ela sempre está lá
ou lá ou por aí
delicada selvagem astuta
gata dos olhos hipnotizantes
ela em seu desfile
ela em sua cena
eu minha sina
ela ela ela ela

O Príncipe - Resenha

Em O príncipe, obra magnânima de Nicolau Maquiavel, observamos a real conduta tomada pelo excelente líder. Excelente líder no sentido de obter poder, trabalha-lo e mantê-lo. É realmente uma obra fantástica. E devo admitir que em muitas ideias, várias já preconcebidas, eu me identifiquei com o autor. 
A base de todo o discurso maquiavélico que transcorre pelas páginas do livro, sobre o mantenimento do poder, é pautada sobre dois aspectos humanos, a virtude e a fortuna do príncipe. Sendo as duas desejáveis, não se engane, mas a primeira mais, pois a fortuna vem e vai sem aviso prévio a qualquer um, mesmo a aqueles que nasceram gozando de grande fortuna estão fadados a incerteza de perdê-la a qualquer momento. Já a virtude é diferente, ela permanece sempre a disposição de quem às cultivou e assim às tem.
Através da virtude, o príncipe que almeja obter sucesso deve seguir alguns preceitos básicos, tais como: assegurar a popularidade entre o povo e o exército, munir-se de armas próprias, com prudência obter conselhos, não o contrário, se possível, ser amado e temido, se não, é aconselhável preferir ser temido, pois os homens amam de acordo com sua vontade e temem de acordo com a vontade do príncipe. Lembre-se, o príncipe jamais terá todas as virtudes, mas ele deve aparentar tê-las todas.
Através da fortuna, outras atitudes devem ser tomadas, tais como: a medida em que as circunstâncias forem mudando, e defender uma causa seja prejudicial ao principado, o príncipe deve sem receio, porém cheio de cautela, adaptar-se ao novo cenário. Essa adaptação é imprescindível caso o príncipe assim deseje manter-se no poder por longo tempo.  Às vezes a quebra da palavra é necessária, e jamais faltaram a um príncipe razões legítimas para justifica-la.
Dito isto, em suma, é importante, depois de ler O príncipe, em meio a todos os seus conselhos valorosos, levar consigo ao menos um dos ensinamentos chave de Maquiavel. E se fosse me perguntado qual desses ensinamentos devo seguir, eu diria: Ser Raposa e ser Leão em suas medidas necessárias.

De resto, agradeço a Maquiavel por ter feito o que fez.

 

Adeus Dorival

Correu correu correu e se deu mal
é o que dizia a manchete no jornal
sete tiros nas costas a coluna ficou feito mingau
isso o que da querer tirar onda com um policial
ele tinha uma família legal
mas pôs nas mãos gelo e sal
uma brincadeira fatal uma brincadeira fatal
Da cadeira de chefão do mundo ilegal
foi direto para uma pedra de hospital
seu carro foi pego por um pardal
por um segundo achou que era o maioral
foi logo agindo de um jeito boçal
um erro comum um erro banal
acabou abatido pelas costas feito um animal
adeus Dorival adeus Dorival

Cuspe na cara

Cuspi na cara!
haha
qual é?
haha
cuspi na sua cara!
e tanto faz cara
nem ligo

Juntando os cacos #4

ABRIL

- Meu deus!... Preciso tomar alguma atitude ou mudar esse tópico do JC. Neste mês, nada a declarar

- Ta ae meu primeiro álbum cheio. Metronia Canções

- Tirando umas coisas de herança genética, não aprendi nada de relevante nesse mês

- Li "Carrie", o primeiro livro publicado do Stephen King. Esperava mais

- Acho que é isso. Te vejo mês que vem

Metronia Canções - Um álbum musical de Ricardo Soares

01- TALVEZ VOCÊ CONSIGA                   4º/ E,Em,G,D,Am,D, E7

Em uma situação ocasional
dependendo do estado emocional

Talvez você consiga
e talvez você entenda

Se você tiver o plano ideal
atuando de forma natural

Talvez você consiga
e talvez você convença

Utilizando apenas o essêncial
realizando num nível magistral

Talvez você consiga
e talvez você entenda

Talvez você consiga
e talvez você entenda

aaahhhh aah aahh ah ah
aaahhhh aah aahh ah ah


02- MUNDO MODERNO                                                      /4º
                                                     

        E7     4x 
E|-----------------------------------------|
B|------3---------3----------3-------------|
G|------1---------1----------1-------------|
D|----2---2----2----2-----2-----2----------|
A|--2--------2---------2-----2-------------|
E|-----------------------------------------|

       C,D     2x   same      
E|-----------------------------------------|
B|------3---------3----------3-------------|
G|------1---------1----------1-------------|
D|----2---2----2----2-----2-----2----------|
A|--2--------2---------2-----2-------------|
E|-----------------------------------------|

Há quanto tempo você corre atrás?
há tanto tempo que eu nem sei mais

Há quanto tempo você já esqueceu?
aquela resposta que você nunca deu?

Há quantos anos você tinha planos?
e quantos planos não passavam de delírios urbanos?

Este é o lado externo
doce frio e eterno
bem vindos ao mundo moderno


03- HOJE EU ESQUECI                4°/ C,Am,Em,G   D9/F#,Am7,A7
(toca-se duas vezes o baixo do acorde e depois o meio junto(3)2x)


Quanto mais complicado o dia dia sempre passa
impondo gestos elegantes ou tomando uma cachaça
na manhã seguinte uma ressaca
no ano seguinte uma floresta de fumaça

humhumhmhmmhmhmh

Seguindo um caminho sem destino enderessado
um dia após o outro você vai entediado
uma busca assim um tiro no escuro
uma busca sem fim uma morte sem orgulho

humhumhmhmhmhmhmh

Expressando sua vontade com pouca espontaneidade
todo mundo é uma ilha mas você é um covarde
você tem a obrigação de ficar calado
seguindo sua vidinha como um subordinado

humhmhmhmhmhmh5mhmh

E o sol mais uma vez se levanta como muita gente assim
e a cidade continua crescendo cada vez mais próxima do seu derradeiro fim









04-A LUA TA BRILHANDO             G,D,C   A,E         0

A galáxia ta girando
e não se sabe quando vai parar
Se o núcleo da galáxia explodir ela também explodirá
A galáxia ta girando

A lua ta brilhando
e não se sabe quando vai parar
Se o sol explodir o nosso planeta também explodirá
A lua ta brilhando

O continente ta se movimentando
e não se sabe quando vai parar
Se o sétimo abismo explodir o céu também explodirá
O continente ta se movimentando


A gente ta cantando
e não se sabe quando vai parar
Se a nossa cabeça explodir a gente também explodirá
A gente ta cantando



05- SE VOCÊ QUER IR PRA PRAIA ENTÃO VÁ                     C#m,G#m  C,D E  

Se você quer ir pra praia então vá
Se você quer ir pra praia então vá
Se você quer ir pra praia então vá
Se você quer ir pra praia então vá

Praia
Praia
Praia
PRAIAAAAAAAAAHHH

Se você tira a gravata então vá
Se você tira a gravata então vá

Gravata
Gravata
Gravaaaaaataaaaaaaahhhhh

...


06- EU DEIXEI                                         G,Em,C,D   C9,D,Em,D,Am6

Eu deixei você vendo TV
disse que não ia demorar logo iria voltar

mas quando voltei você não estava mais lá

nanananananananah


07- APOCALIPSE               E,C#4,C#m,B   C,D,G      1

A nova moda por aqui
é dizer que o mundo vai acabar
Sai num tabloide qualquer
depois sai em todo lugar

Já disseram que seria uma explosão ohh
Já disseram que seria uma redenção ohh
Agora tão achando que é zumbi ihh
Vamos ver qual é a próxima ideia apocalipse sací?


08- O QUE MERECEU      G,C9  G,D  C,D  Em,D,Am,D    0

Quando você olhar pro céu e perceber
Já será tarde demais
Quando você do passado começar a esquecer
Sua tristeza ficará evidente demais
ah ah
ah ah
Mas saiba que você teve o que mereceu
Mas saiba que você teve o que mereceu
ah ah
ah ah
Hoje a esperança é um planeta distante
Cheia de montanhas uma terra de gigantes
No escuro espaço ela ainda está lá
esperando o dia em que você retornará
ah ah
ah ah
Mas saiba que você teve o que mereceu
Mas saiba que você teve o que mereceu
ah ah
ah ah
Você teve o que mereceu


09- QUATRO LUAS             C,E,Am,E   F,E

Uma lua duas luas
três quatro luas
Por que você não responde o meu chamado
não é o momento adequado

Um pouco de insistência lhe fará bem
ande com as prórias pernas
Mas se o perigo vir
Não se preocupe  
---------------------
Uma lua duas luas                              0
três quatro luas
Por que você não responde o meu chamado
não é o momento adequado

Um pouco de insistência lhe fará bem
tente andar com as prórias pernas
Mas se por acaso o perigo vir
Não se preocupe sempre estarei aqui  

---------------------
O sol vai explodir
não temos muito tempo pra sair daqui
e agora o que vamos fazer
a esperança se foi não há mais nada no que crer


10- MENINA RUIVA                          C,Am,F,Gpes

Onde está a neve?
fogo ramanescente
Menina ruiva
você não é como a gente
Intervalo
nosso de cada dia
Crise inesperada
um ataque de epilepsia

Ahh ahh
Menina ruiva
Ahh ahh
não se irrite muito
Ahh ahh
Você pode acabar
pondo fogo em tudo

-------------------
Cabelos ao vento
rápido o fogo se espalha
Menina ruiva
temperatura de fornalha

Menina ruiva menina ruiva
raiva rulga alcova Prússia
erva álcool ácido Russia


11- AMOR PLATÔNICO             D,Bm,G,A

Eu peguntei o seu nome
você não me respondeu
o nosso amor era tão lindo
pena que quem sabia era só eu
E nós fomos ao cinema
eu você e a sua prima
vocês compravam a pipoca
enquanto eu me escondia

ahh aahh ahh  (Ref)
O nosso amor era tão lindo
aah ahha haah
Pena que quem sabia era só eu
ahhh ahhha haah
Por que você tinha que acabar  2x

Já na loja de roupas
o vestido verde caiu bem

12- MUSICA METRONIANA       D,Bm,C#4,A  (G)            0

Em algum lugar do céu
numa bolinha azul
Em um cenário meio que cruel
bem ao norte longe do sul

Onde as margaridas
são todas verdes
Onde a sua sede
não é por água é por outra coisa

Aqui não são cinco'k'
são cinco'b'
Aqui não é só eu
é eu e você

Aqui não são 24
aqui são 25
Aqui não é o terceiro
aqui é o quinto

Mas se no final da história
um segredo eu te contar
Por favor espera um pouquinho
não feche a porta você vai ter que terminar
Música Metroniana
Música Metroniana


13-  O DIA EM QUE EU VOLTEI        G,D,Em,C   D,Am,Am6    1

O dia em que eu voltei
não foi nada especial
Era uma tarde de sol
sem nuvem coisa e tal
Ha alguns anos-luz daqui
rolava uma treta espacial
algo relacionado
a uma seita hambiental

Tudo pode acontecer
em quanto houver planetas entre mim e você
Tudo pode acontecer
em quanto houver planetas entre mim e você

O dia em que eu voltei
mais um dia normal
O presidente foi deposto
dizia a manchente no jornal
A notícia está confirmada
vida interplanetaria foi encontrada
A profecia falhou
Em E75b hoje nevou

Tudo pode acontecer
em quanto houver planetas entre mim e você
Tudo pode acontecer
em quanto houver planetas entre mim e você

O dia em que eu voltei
você nem percebeu



14- Eu tinha                               2°/C,G C,G,D

Eu tinha um coelho que roía minha pia
Eu tinha um coelho que me dava arrelia
Eu tinha um cachorro que seguia o meu carro
Eu tinha um cachorro que cagava muito barro
Eu tinha uma galinha que ficava na cozinha
Seu nome era joana parecia minha vizinha
Eu tinha uma crush que partiu meu coração
Eu tinha uma crush que pegava o meu irmão


15- Praia, eu e você                 Bb,Bbm,Am  C  F

(ih)Estar na praia é melhor coisa que eu já fiz
com a brisa e a maré o sol a praia o verão eu e você
assim 

16- Ávida                                     2º/ C,C7,Am,G C9  Em,A,D

Comi um biscoito semana passda
me deu dor de barriga corri pra casa
tranquei o banheiro botei pra fora
de portas fechadas
Por causa do incidente troquei a
marca de biscoito estava no
supermercado às oito
e você também
Alguém tocou o meu ombro era
você me perguntando que horas são
eu respondi sentindo
algo no coração ---
Ataque cardíaco é comum na minha família
assim como caspas, diabetes e espinha
por você me salvar (e esse rostinho de anjo)
logo comecei a me apaixonar

Assim nasceu uma história de amor
Desse jeito inusitado e constrangedor

17- FIM?


D|--0----------0----
A|-----4--0------4-0
F|------------------
C|------------------
G|--0----------0----
D|------------------

D|--0----------0----
A|-----4--0------4-0
F|------------------
C|------------------
G|--0----------0----
D|------------------

D|--0----------0---------0-2-
A|-----4--0------4-0-2-------
F|---------------------------
C|---------------------------
G|--0----------0-------------
D|---------------------------

Bônus- FIM DA LENDA                               5º/ D,G Em,G

De comentários equivocados
uma lenda nasceu
Diziam pelos quatro cantos
um homem que queria ser deus

Capaz de tudo controlar
podia o nome do vento evocar
Um episódio engraçado
foi promovido depois de açoitado

ref.
Mas o tempo passa
e a aquela velha história já não tem mais graça
A lenda que surgiu ali
hoje inebulada encontra o seu fim

Na Éolica todos impressionou
tocando com apenas seis cordas o seu show
Um menino prodígio
com certeza deixaria algum vestígio

Encontro louco

Fui a um encontro recentemente
eu e uma menina bem inteligente
o problema é que não fomos à sós
ela levou uns amigos

Então estávamos lá
eu, ela e os amigos
nos divertimos, é verdade
mas, por que ela tinha que fazer isso?
é algum tipo de capricho?

Ela me roubou o coração
com seu jeitinho diferente
com seu olhar atraente
ela me prende a atenção 

Compramos um sorvete
eu, ela e os amigos
assistimos um filme
eu, ela e os amigos

Esse encontro foi estranho
mas o que importa...
o que importa mesmo
é que ela estava lá

Essa menina me tira do sério
e me tira de casa
e me leva à um encontro
queria que fôssemos só nós

Encontro louco  

O grande prédio

Tive um sonho esquisitão hoje
um prédio gigante estava afundando
na verdade o maior prédio do mundo
estava meio que se enterrando aos poucos
e eu estava atrás de uma guria
na verdade estava atrás de três

Sonhei isso hoje à tarde
é, foi um desses sonhos de tarde
e não é a primeira vez que vejo esse prédio
e não é a primeira vez que vejo essas gurias
tomara que não seja a última  

É assim que as coisas são

Eles viam mudança
toda vez que o clima começava mudar
eles tinham esperança
achavam que um novo mundo podia aflorar
mas nem sempre o sol brilha como deveria
eu te deixei esperando por muito tempo
e, de novo, esqueci de fazer a lição de casa
joguei o jogo errado e os observei jogar
aquém da situação, isento de qualquer preocupação
eu repito em alto e bom som "É assim que as coisas são"
É assim que as coisas são

Banheiro feminino

Era sexta à noite e Dave havia acabado de assistir a um filme.

- Então... O que você está fazendo aqui? – perguntou um desconhecido barbado a Dave – Sabe. O filme já acabou. – deu uma risada e uma tragada num cigarro. Os dois estavam encostados na parede em frente ao banheiro feminino.

- Estou esperando a minha mulher. – disse Dave. Deu uma golada num refrigerante e abriu um bocejo gigante - Kate.

Sim. O desconhecido barbudo estava fumando e Dave estava tomando um refrigerante. Cada um tentando se distrair como podia. Isso os dois encostados em uma parede em frente ao banheiro feminino. Eles estavam ali enquanto ao redor do mundo uns estupros rolavam e alguém perdia seu “verdadeiro amor” para uma doença incurável. É. Eu sei. Nada de especial.

- Então parece que estamos em uma situação bem parecida. – o estranho barbudo deu uma olhada nas bundas que passavam por ali e continuou – Estou esperando a minha namorada. Michele. E, sabe, não faço a mínima ideia de quando ela vai sair desse buraco. Fico imaginado o que tanto as mulheres fazem dentro do banheiro. – a cada tragada a ponta do cigarro encandecia com um laranja vivo - Dar uma mijada não dura nem três minutos HAHA.

- É, cara. É. Isso é estranho. – mais um gole no refri - O pior é que eu já me acostumei.

- Mas, sabe. Tem uma vantagem nisso aí.

- Tem? – perguntou Dave.

- Sim. Pelo menos a gente tem um intervalo das patroas pra poder dar uma olhada nas bundas alheias. – o barbudo estranho abriu um sorrisão e apreciou mais uma beldade que passava por perto.

Se formos falar de mulher por metro quadrado, aquela era sim uma baita noite. Até parecia que todas as gostosas da cidade haviam resolvido ir ao cinema juntas. Tudo numa noite só. E, não só haviam ido, mas também haviam ido com suas roupas mais transparentes, provocantes e apertadas.  Desfilavam pra cá e pra lá. Com seus lábios vermelhos. Pra lá e pra cá. Com os melões saltando pra fora. Pra lá e pra cá. Como se fosse uma competição passional degenerada doentia. E, na verdade, era.

- E que bundões meu irmão!

Essa requebrava um pouco exageradamente.

- É. Este é realmente um belo exemplar – disse Dave.

O refrigerante acabou.

- Gavin. – disse o estranho barbudo ao se apresentar. Os dois apertaram a mão um do outro (aparentemente sem motivo algum. Aparentemente) e Dave também se apresentou.   

- Me chamo Dave – disse Dave – Dave, tipo o cara do filme.

- É só que o cara do filme era bem mais rico e fodido que você.

- HAHAh, verdade, mas, a semelhança no nome já basta.

Gavin esbaforiu a fumaça do cigarro e apontou para uma mulher.

- Vê aquela ali?

- Qual?

- Aquela ali – estava um pouco distante e de costas, sentada em um banco. Parecia ter um rabão – Gostosa pra caralho, mas, sabe como é, quando elas são muito gostosas ou muito inteligentes sempre tem um porém.

- Ah é? E qual é o problema dessa?

- Parasita do pior tipo.

- Sério? Deixa eu adivinhar. Não me diga que depois de contar um monte de mentiras cretinas você a embebedou, levou a seu apartamento e fodeu-a. Fodeu-a de novo e de novo. Aí então vocês tiveram uma espécie de relacionamento relâmpago, saíram algumas poucas vezes e logo depois de você já ter decorado todas as partes do corpo dela você quis sair de mansinho, fingir que nada tinha acontecido... Tirar o carro da reta – Dave gesticulou -, mas, ela não gostou nem um pouco da ideia. Daí passou a ficar meio paranoica e começou a te perseguir. Foi isso?

- Pô. Foi exatamente isso!!! HAHA. Cara, gostei de você – e mais uma tragada – Sabe, o mundo está cheio de idiotas. Encontrar alguém esclarecido feito você é raridade. Você devia entrar no meu clube do livro. 

- Espera aí. Você tá me cantando?

- Não porra! – os dois riram aos montes.

Mais uma tragada e mais uma olhado nos ponteiros do relógio. Quantos minutos já haviam passado? O que será que estava rolando naquela porra de maldito banheiro feminino? Será que um minuto lá dentro equivalia a dois minutos lá fora? Ou seriam três? Algum tipo de anomalia espaço-temporal poderia existir ali. Quem sabe até, um minuto lá dentro poderia equivaler a quatro minutos lá fora. Quem sabe? Eu não sei.

- Clube do livro? – perguntou Dave – Não parece muito a tua cara. 

- O quê? Um maluco tatuado fumante e, provavelmente, infectado não pode ser um leitor assíduo? Vai se foder!

- Não, não. Não é isso. É que... Leitor assíduo tudo bem, mas... Não imaginei que tu fosse do tipo de pessoa que frequenta esse tipo de reunião. Sacou?

- Não só frequento como também sou eu quem manda naquela joça. Todo santo domingo.

Dave levantou uma das sobrancelhas e olhou desconfiado com um olhar especulativo.

- Nossa. Você é o “presidente”? Isso é interessante. Hm. Deixa eu adivinhar. Bukowski. Vocês estão lendo Bukowski, né?

- Não seu imbecil. Esse foi no mês passado. Agora estamos lendo Dostoievski.

- Dostoievski? Me passa o endereço que eu apareço por lá.

De repente, não sei de onde, eis que surge uma agenda verde e uma caneta preta. O endereço foi anotado.  

- Tem alguma mulher nesse tal clube? – perguntou Dave.

- HAHA, pensei que tu fosse casado, porra.    

Mais uma tragada e mais uma olhado nos ponteiros do relógio. O movimento já parecia estar diminuindo.  Mesmo numa baita sexta à noite, uma hora as salas param de encher tanto e as mulheres vão se espalhando pela cidade feito formigas que já sugaram todo o doce do suco derramado. Mas, por enquanto houvesse uma ou outra bunda passando, o cinema não fecharia e o tédio não se apossaria do lugar. Ainda bem. Pois as pipocas continuariam na promoção e a meia-entrada continuaria valendo. E compre um combo grande e ganhe um pôster exclusivo. Ainda bem. E ofereça uma cerveja e lute por um retorno. Ainda bem. Mas e Kate e Michele? Onde raios estão essas mulheres!? Ah, sim. Estão no banheiro feminino. 

- Vamo lá da uma olhada? – sugeriu Gavin o barbudo mal encarado tatuado.

Dave o olhou meio receoso. Ele sabia que não era uma boa ideia. Não era uma boa ideia. Invadir o banheiro feminino assim sem mais nem menos. O que isso poderia dar? Sim, havia um motivo, mas, era motivo suficiente? Será que uns minutinhos de demora seria justificativa suficiente para invadir o banheiro feminino?  Isso podia acabar muito mal.

- Não sei não. – disse Dave.

Quanto tempo já havia passado?

- Mano, já tamos aqui a um tempão. Deve ter algo de errado lá dentro. – disse Gavin em tom explicativo – Vamo só dar uma olhada. Esclarecer a situação.

- Hm. – Dave pensou – Não sei se deveríamos.

Uma olhada no relógio. Uma tragada no fumo.

(Offtopic sobre o relógio de Dave: Era um relógio bem da hora. De marca. Todo prateado, a prova d’água, com acesso a internet e parecia ter custado uma grana preta. Bem que eu queria ter um desses).

Mais uma olhada no relógio. Mais uma tragada no fumo.  Uma olhada no teto decorado e uma vistoriada nas poucas pessoas que estavam ao redor. Nas pernas despidas e nas mãos ocupadas. O que há de errado conosco? Os vestidos escondem o que todos querem ver e, por outro lado, os olhos revelam o mais intimo.

- E se tiver um monte de mulher pelada lá dentro? – perguntou Dave.

- Horas! É por isso mesmo que eu quero entrar lá! – respondeu Gavin eufórico.

- Não sei... Não sei. Não parece certo. 

- Tá. Façamos assim. Nós entramos no banheiro feminino, com todo o cuidado, e qualquer consequência que isso venha causar será de total responsabilidade minha. Ok?

Dave pensou mais um pouco. E se eles estivessem sendo imprudentes ali? Tu já viu mulher braba? Pois é, Kate braba é um porre mil vezes pior!

- O que me diz?

 - Certo. Vamos lá.

Os dois se aproximaram lentamente da porta do banheiro. A luz do ambiente interior parecia diferente. Meio azulada esbranquiçada. Dando um ar místico ao local.

- Espera! – disse Dave – Nada de câmeras!   

- Arffs. Por que não?

- Porque não quero que você filme a minha mulher pelada!

Gavin guardou a câmera com muita relutância e logo os dois voltaram a se aproximar da porta. Mais um passo e estariam atravessando o limite entre o piso comum e o piso do banheiro. Não haveria volta.

- Shhhhhhhh, silêncio!

Empurraram a porta e entraram. A porta rangeu e logo foi voltando automaticamente devagarzinho ao seu devido lugar. Atravessaram uma coisa que poderia ser chamada de... de “entrada”? E então chegaram ao centro do negócio. Um lugar quadrado e branco.

Eles estavam dentro! Pela primeira vez eles estavam dentro de um banheiro feminino! Um banheiro feminino legítimo. Essa era uma invasão de verdade. Não como aquela do primário ou a do oitavo ano. Essa era uma invasão realmente extraordinária. Não acha? Tá. Tá bom. A invasão do primário também foi muito boa, mas, agora, ali estavam eles. E esse era um banheiro de mulheres! Não de menininhas catarrentas sem curvas. Não. E pela primeira vez eles estavam ali. E sabe de uma coisa? Não era muito diferente de um banheiro masculino. Acho que a grande diferença é que ali não havia mictórios. Pelo menos, não a vista. Ah! E outra grande diferença é que estava muito mais limpo do quê qualquer um banheiro masculino.   

- Como assim tá vazio? – Gavin olhava ao redor estupefato. Nenhuma alma viva era identificada. Virava-se para Dave e virava-se para todos os cantos do banheiro. Nem Kate nem Michele. Ninguém estava ali além dos dois – Como assim tá vazio?

- Kate?- disse Dave baixinho. Quase um sussurro. Ele estava suando – Kate? – mais um sussurro.  Seu olhar era desesperado e dava pra perceber o tremor nas mãos. Dave limpou o suor da testa e respirou fundo. Não parecia estar muito bem. Sem Kate Davi não era nada.

- Isso não faz sentido! – exclamou Gavin – Não faz sentido! Não faz sentido! Não é Dave? Não faz sentido. – Gavin foi abrindo cada porta que separava as cabines do banheiro murmurando as mesmas palavras “Não faz sentido”. Nem Kate nem Michele apareceram. Aparentemente elas haviam evaporado. Sumido sem deixar cartas de despedida nem rastro algum – Impossível! Isso é impossível! Não é Dave? 

Dave permaneceu parado no centro do banheiro. Gavin continuou explorando todos os cantos a murmurar as palavras de incredulidade. Uma coisa curiosa sobre esse banheiro em específico é que não havia placas com avisos consideradas padrões de banheiros, tipo: “Lave as mãos antes de sair” ou “Não deixe as torneiras abertas” ou “Mantenha o banheiro limpo” ou “Se quiser transar vá a um motel e não a um banheiro” ou qualquer uma dessas placas loucas que se ver em banheiros. Tudo que havia colado numa das paredes azulejadas era um cartaz que dizia: “E se você estiver certo e eles errado?”. Dave ficou encarando o cartaz por algum tempo. Gavin continuou ou a explorar.

- O que isso pode significar? – perguntou Gavin – Não há nenhuma maneira de sair desse maldito banheiro a não ser através da porta pela qual entramos! Não faz sentido!

Dave continuava com o olhar fixo para o cartaz. “E se você estiver certo e eles errado?”

- Dave! Me ajuda a procurar elas. Estou vendo nas pias, veja nos vasos!  

Dave continuou com o olhar fixo no cartaz. “E se você estiver certo e eles errado?”

- Dave você acha que deveríamos chamar a polícia?

“E se você estiver certo e eles errado?”

- DAVE?! – perguntou Gavin – Você tá me ouvindo cara?

Dave continuou olhando para o cartaz. Nem um piscar. “E se você estiver certo e eles errado?” Dave deu uns passos se aproximando do cartaz. Encarou-o bem de perto e ergueu os braços. Com as duas mãos segurou firme em uma das pontas e arrancou fora o papel todo com um único movimento agressivo. E para a surpresa de todos, veja só, revelou-se uma passagem secreta! Sim. Uma passagem secreta!

- CARALHO! – exclamou Gavin.

Dave agora olhava abismado o buraco que se revelara na parede. Todos estavam completamente estarrecidos.

- Como você sabia?

Dave virou-se para Gavin.

- Sei lá! Estou tão surpreso quanto você, porra! – disse Dave – Mas que porra é essa?!

E o mais louco de tudo é que o buraco na parede tinha formato de boceta.

- Você acha que elas tão aí dentro?

- Só pode ser. É o único lugar que resta.

- E aí? A gente entra? – perguntou Gavin.

Mais uma vez Dave ficou dividido. Dilemas nunca fora seu forte. Uma parte dele sempre foi curiosa. No colégio, Dave foi o primeiro a descobrir(auto dedutivamente) que existem buracos negros gigantescos nos centros das galáxias, e assim continuou por muitos anos. Uma outra parte dele sempre foi covarde.  No colégio, Dave foi um dos últimos a protagonizar uma briga no recreio e, assim que protagonizou, levou uma surra daquelas. Então ele deveria entrar ou não? Ser valente, curioso, destemido ou ser um simples covarde? O buraco estava bem ali na frente dele. Bem ali. Era só escolher. Mas a dúvida. Ah... A dúvida. Ela mata. E as consequências poderiam ser aterradoras tanto para a decisão de não entrar quanto para a de entrar. Se ele não entrasse, correria o risco de perder Kate. A mulher da sua vida. Quem sabe o que poderia estar acontecendo lá dentro naquele exato momento? Um estupro? Um assassinato? Um ritual qualquer de alguma seita qualquer? E se realmente fosse o caso de ser um ritual, saiba que eles pegaram a mulher errada, pois Kate já não era virgem há muito, muito tempo mesmo. Mas, e se estivesse tudo bem? E se Dave entrasse no buraco e quando chegasse lá Kate estivesse bem? E se ela estivesse só retocando a maquiagem ou lavando o rosto ou só conversando sobre o último capítulo polêmico de Game of Thrones ou sei lá? Uma coisa é certa. Ela ia ficar puta. E Kate braba é um porre! E ela fica braba por qualquer coisinha de nada.

- Não sei...

- Cara, é um buraco misterioso com formato de boceta! Temos que entrar! – falou Gavin mais eufórico do que nunca. Tirou a câmera e começou a fotografar tudo aquilo. 

A verdade é que Dave sempre fora indeciso. Ele nunca soube qual sorvete escolher na hora da saída. Baunilha ou chocolate? Misto? “Não sei” era uma frase bem recorrente no repertório vocabulário dele e tomar decisões como esta era algo complicado. Muito complicado.

- Tá! – disse Dave – Vamos lá! Mas, sem câmeras!

Gavin guardou a câmera novamente com relutância, mas, pelo menos dessa vez ele já havia registrado umas boas fotografias.

Dave foi o primeiro a entrar. Apoiou o pé direito e depois, com certa dificuldade, enfiou o resto do corpo. O buraco era um túnel bem apertado, pra se mover lá dentro era necessário seguir feito um cachorro manco bêbado. Era úmido, escuro e quente.

- E aí? Tá vendo o quê? – perguntou Gavin que vinha logo atrás – A Kate tá pelada?

- Não! E vê se cala a maldita boca!

- Affs. Fala sério! Esse esforço todo tem que ser muito bem recompensado!

Continuaram seguindo com dificuldades, até mesmo porque o ambiente ali era sufocante e Dave estava se arrastando com todo o cuidado. O que podia estar em jogo era a vida de Kate e Michele. Todo o cuidado era pouco.

- Isso deve ser uma brincadeira... – Gavin pensou em voz alta – Algum tipo de pegadinha.  Deve ter uma porção de câmeras espalhadas por aí. A propósito, cadê o meu cigarro?

Seguiram mais um pouco até que chegaram ao fim do túnel. O tão esperado fim do túnel. Na porta dizia-se: U.T.E.R.O. Unificação tangente e retroativa opcional. Não faço a mínima ideia do que isso significa, se você tiver alguma ideia, me diga. Mais a baixo dizia: “Só entre se estiver acompanhada!”. Esse eu sei bem o que queria dizer e explica muita coisa. Dave deu uma última respirada funda e segurou o trinco, era pegajoso, girou-o e foi abrindo a pequena porta circular lentamente. De dentro da tal sala saiu um ar gelado e esfumaçado. Ah, que alívio. E pela fresta da porta Dave viu algo que nunca mais iria esquecer. Ali estavam as fugitivas danadinhas. Kate e Michele. As duas sentadas em uma mesa robusta, fumando charutos cubanos e bebendo uísque. Olha que Kate tinha deixado de fumar há dois anos.

- Elas estão bem... – anunciou Dave meio confuso. O que estaria acontecendo ali?

Kate e Michele riam alto. HAHAHAAHAHAHAHA. O que elas estavam falando? Entre cada tragada ouvia-se os risos e as palavras disformes. Nada era compreensível aos ouvidos de Dave. Nada.

- Estão bem...

Alguns minutos depois todos estavam lá fora. Mais uma vez estavam em frente ao banheiro feminino.  Kate foi apresentada a Gavin e Michele foi apresentada a Dave. Beijos foram trocados. Gavin e Dave portavam-se como se nada de estranho houvesse acontecido naquela noite de sexta feira. Michele e Kate portavam-se como se aquela fosse só mais uma noite qualquer em que o banheiro feminino fora usado. Não falaram sobre aquilo por um bom tempo. 

Ricardo Soares 

Juntando os cacos #3

MARÇO

- Porra! Acho que não fiz nada memorável. Esse mês tenho que escandalizar!

- Banheiro feminino (é um conto sobre um banheiro feminino. No próximo mês tenho que ter no mínimo 4 contos.)

- Porra! Não aprendi porra nenhuma.

- Li "Crônica de um amor louco" do Buk

- Publiquei o que "fiz".

Verde

Você se sente diferente
nada é hoje como era antigamente
o sol já não brilha como antes
e a chuva não é  mais doce
as palavras soam erradas
e as linhas parecem desaparecer
tire a correspondência do correio 
o semáforo às vezes abre rápido demais
o semáforo nunca fecha na hora certa
o semáforo estava equivocado na última vez
o semáforo avisa e grita e chora e lamenta
Você se sente diferente
você está ficando verde

A verdade

Não sei se a sanidade humana é uma bênção ou uma maldição
a cada dia que se passa me sinto mais encurralado
cada vez mais próximo do precipício
cada vez um passo mais perto da loucura total
eu me contorço pra não falar a verdade
Acho que todo mundo é um farsante
todos cúmplices do mesmo crime
todos atuando muito bem em seus papeis
papeis estes já muito bem estabelecidos nessa maldita peça sem fim
misericórdia!
Ela disse que me amava e eu não soube o dizer
deveria ter dito a verdade

Isso não está certo

Perceba, cara!
você é muito estúpido
perceba o que acontece
o clima muda

Todos os dias as pessoas passam por aquela porta
todos os dias as pessoas sentam nos mesmos lugares
e o horário sempre bate atrasado
e você nunca vai a guerra

Isso não está certo
não, não está
assim como andamos a esmo
as estrelas brilham e logo se apagam

Todos os dias as pessoas sonham
sim
todos os dias as pessoas esquecem  

Que

Veja só. Veja só
aquele ali nunca viu um papagaio falando
coitado!
ele sempre foi bem cuidado
nunca teve o joelho ralado
coitado!
em pensar que o mundo tem cinco mil anos
o que deus fazia antes?
coitado!
quem me dera poder expressar a minha opinião
diria ao mundo todo que 

O que resta de mim?

Eu não acredito nesses caras
minha fé toda já se foi
mas o que resta de mim?.
Mais um dia se passa
e as notícias ecoam
e estalam nos ouvidos
mentiras são ensinadas nas escolas
todos precisam de um Messias.
Há um muro entre todos nós
e o que eu digo não é o que você escuta
e o choro nunca é cessado 
e todos acham que sabem a verdade
a verdade é que ninguém sabe.
Eu não acredito nesses caras
o vencedor escreve a história
então em quem posso acreditar? 
afinal, o que resta de mim?
afinal, o que resta de nós?.

Humanos

No fim do dia todos se recolhem
deitam-se em suas camas
e olham para dentro de si mesmos
há um muro entre todos nós
e às vezes a terra não é azul
No final como tudo ficará?
não restará nada
não restará ninguém 
e sabe
não fará muita diferença
macacos se viram muito bem
porém, humanos...
humanos se autodestroem

 

Família

Eu ligo a TV
são as mesmas notícias de ontem
e amanhã  também são as mesmas
estou cansado
só quero dormir 
e ao mesmo tempo
quero que tudo exploda
a grama sempre é mais verde do outro lado
e nem tudo que brilha é ouro
e na verdade
tudo o que eu preciso é de uma
família 

Estão mortos

Todos estão mortos
veja suas expressões
está escrito
e mesmo que riam
é falso
veja seus olhos
não há foco
e mesmo que brilhe
é pintado
veja suas ideias
são todas tolas
e mesmo que algo bom surja
logo se apaga
inconivente, miserável e desproposital
tudo que tememos  
movimentam-se mas estão mortos

Não senhor Wilson

O futuro é incerto
eles tentam prever se vai chover amanhã
usam suas máquinas e fazem seus cálculos
lambem a ponta dos dedos e veem pra onde o vento sopra
sabe, eles não fazem a menor ideia
acho que ele vai se matar

Um dia você acorda e está tudo nublado
é domingo
e você está velho
"o que aconteceu com a minha juventude?"
você se pergunta se ainda resta tempo
acho que ele está planejando se matar

Ultimamente os dias tem se repetido
sabe, o sol sempre nasce e logo se põe 
por que será?
cara, eu tentei falar com ele mas
eu... eu... eu não o entendo
acho que ele vai se matar

Não deixe o sol apagar

Deixe-me entrar na sua mente solitária
deixe-me mostrar o quão louco eu sou
você não imagina mas
eu sei como você se sente
nada é real
a estrela é azul
e o mundo também é
então nada importa

Menina
escute o que eu digo
eu já passei por isso antes
e não era amor

As rosas tão vermelhas
o fim tão escuro
tudo acaba um dia
e estamos nos aproximando do nosso

Mas
mas mesmo que eu tenha dito tudo isso
tudo isso
e se você leu aqueles outros textos
eles também valem
todas essas coisas
e também as que eu deixei de dizer
ainda sim
NÃO DEIXE O SOL APAGAR

Juntando os cacos #2

FEVEREIRO

- Talvez a coisa mais memorável que eu tenha feito esse mês foi ler dois excelentíssimos contos do grande Dostoievski (A dócil e O sonho de um homem ridículo). Concerteza Dostoievski sabia o que é o "homem" e a sua natureza. Seria ótimo tomar um chá numa tarde fria com ele.

- Poesética Adolescente (espero que saia com esse título. Ou poesética disfuncional. Ou poesética instantânea) (é um livro de poesia)

- Aprendi que nada faz sentido (na verdade... eu já sabia disso há muito tempo) e aprendi que tudo abaixo do sol está em perfeita harmonia, mas, o sol está eclipsado pela lua.

- Li "O amor é um cão dos diabos" do Bukowsk (velho safado)

- Publiquei o que fiz. Te vejo no mês que vem!(see you on next month!)

  

Fico à espera

De manhã
fico à espera de um bom dia
De noite
fico à espera de acontecer
No verão
fico à espera de uma guria
No inverno
fico à espera de você

Marina

Marina
De onde você veio?
Pra onde você foi?
Éramos tão ingênuos
Tão inocentes
Como você está?
Onde você está?
Éramos perfeitos um para o outro

Marina
Você pode voltar?
Você sentiu a minha falta?
Nos beijamos por acaso
Foi tão engraçado
Você continuou lá?
Você si lembra de mim?
Éramos perfeitos um para o outro

Marina
Você trilhou o caminho certo?
Qual é o seu número?
Dávamos tão certo
Deveria ter durado mais
Poderia renascer a chama
Eu lembro de você
Éramos perfeitos um para o outro

Marina
Você me desculparia?
Marina
Você continua a ser a mesma menina? 

Você podia ser minha

Sabe, você podia ser minha
lembra daqueles filmes da sessão da tarde?
podíamos fazer algo parecido
dar as mãos e sair por aí
comentar o estado da política atual
e dar uns amassos
escrever cartas de amor um para o outro
e revelar o quanto odiamos o calor de São Luís  
sabe, essas coisas de casal
Podíamos ser um pouco diferentes também
que tal não mentirmos?
sei que é difícil mas, se tentarmos, somos capazes
um com o outro somos capazes de tudo
Sabe, você podia ser minha 
 

No fim do dia estaremos juntos?

Ela usa óculos
nem sempre ela está com eles
mas ela os usa
No fim do dia estaremos juntos?

Ela não é burra
nem sempre ela está certa
mas na maioria das vezes sim
No fim do dia estaremos juntos?

Ela manipula os que a rodeiam
nem sempre ela faz por maldade
geralmente é por instinto
No fim do dia estaremos juntos?

Faz o que tu queres

Helena vive sozinha
logo criança seus pais morreram
ela herdou uma fortuna
pena que o dinheiro não a ajudou
ela nunca fez o que queria

Wilson vive sozinho
aos 33 sua mulher morreu parindo
pena que as crianças sobreviveram
agora Wilson tem que cuidar de três cópias
ele nunca fez o que queria

Helena morreu sozinha
sua mansão vazia a tornava ainda mais triste
e suas fantasias morreram juntas a ela
a vida se resumira a um gosto amargo
Helena nunca fez o que queria

Wilson enlouqueceu sozinho
sua casa agora é um ninho de órfãos
dizem que ele tem uma máquina de fazer bebês no porão
ele mataria todos pela sua mulher de volta
Wilson nunca fez o que queria

Tenho medo da morte

Sonhei com a morte
Cara, foi tão real
quando ela chegou perto
fiquei estarrecido
quando ela me tocou
morri, acordei

Eu estava em algum lugar estranho
com alguns conhecidos
por algum motivo havia troca de tiros
eu rastejei pro lado errado
fui em direção a morte
morri, acordei

Tentaram me avisar, disseram
"Não vá por aí!"
era tarde demais
a verdade é que a morte sempre vem
não importa quando
morri, acordei 

Te acho mó gata

"Oi? O que disse?"
o sangue subiu a cabeça
por que você fez isso comigo?
"I-isso mesmo... Te acho mó gata"

As palavras saíram mas
pareciam dispersas e sem propriedade
de repente estávamos em cima de um palco
não sei qual era a peça
só sei que ela estava sendo pregada

Não sei o que ocorreu depois disso
estava ficando tarde
então eu saí 
peguei o ônibus e fui pra casa 

Você sabe meu nome

Eu sou aquela vozinha que sussurra na sua cabeça
e tudo o que você faz é por mim
até mesmo quando você acha que está sendo
o maior cretino miserável egoísta
Na verdade, é por mim

Às vezes eu digo"faça isso"
e você vai e faz

Às vezes faz direito
Às vezes, não

Às vezes você acha que pode tudo
e acaba fazendo um monte de merda
me ouça com atenção, PORRA!
me ouça!
você passa dos limites

o que você fez foi desconfortável  para todos
foi cruel, foi sujo
você espancou aquele garoto
sim, você sabe exatamente do que eu estou falando
então, não vire a cara enquanto eu falo com você!
Pff, talvez você não tenha jeito 
seus olhos sorriam de prazer
e não adianta disfarçar
É, eu sei que você sabe o meu nome

Querida Razão

Querida Razão
por que és tão dura?
Querida Razão
por que nos trata tão mal?
Querida Razão
você a tornará mais madura?
Querida Razão
um tiro na cabeça sempre é fatal?

Ah... querida Razão
eu sempre te achei atraente
mas você sempre foi tão fria
tão independente, tão sozinha

Querida Razão
talvez eu tenha tentado te imitar
é certo que falhei miseravelmente
mas ainda sim, continuo a te amar

Férias de julho

Férias de julho
fui a casa de praia e fodi Maria

A casa está um pouco acabada
a casa continua espaçosa 
Maria está um pouco gorda
Maria continua gostosa

"Você estará de volta ano que vem?"
ela me perguntou com aquele rostinho
de anjo virgem
"Não sei. Tenho que resolver alguns assuntos"
a decepção em seu olhar foi tocante
nem parecia aquela diabinha de poucos minutos antes 

Mãe, de onde eu vim?

Acordei com um rato na cabeça
"Mãe, de onde eu vim?"
"Você veio num bico de cegonha"
o dia passou e a dúvida continuou
"Mãe de onde eu vim?"
"Te comprei em uma loja de bebês"
o dia passou e a dúvida continuou
"Mãe, de onde eu vim?"
"O senhor Wilson o trouxe"
o dia passou e a dúvida continuou

Hoje de manhã eu perguntei de novo
ora, se quisesse uma resposta convincente
teria de ser um menino persistente
fui lá e disse as palavras mais uma vez
"Mãe de onde eu vim?"
dessa vez ela pensou um pouco mais
parou de preparar o almoço
virou-se para mim
e me deu uma resposta diferente
ela me disse
"Você veio das bolas do seu pai!"

Isso já aconteceu comigo

Isso já aconteceu comigo
Ela olhou na minha direção
sorriu e acenou
Cara, eu fiquei surpreso
nunca tinha falado com ela
mas respondi adequadamente
fiz o que a situação pedia
Ela se aproximou
se aproximou ainda mais e...
e passou reto

Tinha umas amigas dela atrás de mim

Explode

Explode
Explode o crânio que já não pensava bem
Explode
Explode um que agora nada tem
Explode
E que exploda aquele que não tinha
Explode
A esperança que é tão necessária
Explode
Em uma vida demasiada solitária
Explode
Não só, nem tão pouca
Explode
Uma vida tão vazia, sem dúvidas, oca
Explode
Façam fila para a grande explosão final
Explode
Estão ansiosos pelo clímax
Explode
Sim, estão
Explode
Ainda há tempo para a realização
Explode
Hahah, realização
Explode
Sempre explode?

Um conto de natal 2015 Parte 1 e 2

 Há muito tempo, em um lugar bem distante, vivia um jovem rapaz chamado Johny.
Johny era um garoto bonzinho, porém, não tivera muita sorte na vida.
Aos dez anos de idade seus pais morreram e, desde então, Johny vivia sozinho.
E o pior de tudo. Johny tinha vizinhos funkeiros do pior tipo, os que escutam funk.
Mas mesmo assim, Johny pretendia passar um natal feliz.
Ele já tinha comprado os enfeites, o panettone, o refrigerante e o perú.
A TV estava na tomada e tudo o que faltava era a hora chegar e a programação de natal começar.
Johny já estava ansioso para ver "Esqueceram de mim" novamente.
Tudo estava indo bem, até inesperadamente o telefone tocar.
Era o patrão de Johny. 
      

 

(originalmente publicado em um grupo de whatsapp) 

"Johny venha ao trabalho! Você ficará com o turno da noite e da madrugada."disse o patrão com voz grosseira e ditatorial.

John trabalhava em um Mcdonald's 24horas e isso significava que ele teria que ir até o trabalho e permanecer lá até a manhã do dia seguinte.

Ou seja, lá se fora o natal em frente a TV que Johny tanto tinha planejado. 

Johny pegou a sua bicicleta e seguiu cabisbaixo até o pequeno estabelecimento que ficava em uma rua pouco movimentada.

Quando Johny chegou já era noite e fazia frio. O tempo estava nublado e as estrelas mal apareciam. 

Johny pensou "Meu patrão é um otário. Ninguém virá a um Mcdonald's 24horas em plena véspera de natal."

Passaram algumas horas e ninguém viera. 

Mais um tempo e ninguém.

Ninguém. Nem um sequer.

Porém, de repente alguém disse "Uma casquinha mista por favor."

Johny virou-se, surpreso, e atendeu o jovem.

"Aqui está" disse Johny entregando o sorvete. "O que o trás a um lugar assim em plena véspera de natal? Você não deveria estar com a sua família, seus amigos ou sei lá?"

"Eu estava em uma festa." explicou o rapaz. "Mas eram todos uns imbecis. Então saí de lá para dar uma respirada."

"Hum. Entendo" disse John.

"Sabe, eu não tenho família." falou o rapaz comprador de sorvete. 

"Que coincidência. Eu também não tenho."

E então os dois continuaram conversando pelo resto da noite.

Descobriram que tinham muito em comum e que o nome do rapaz comprador de sorvete era Tony.

No final, Johny já não queria ir para casa. Aquele era o lugar onde ele devia estar. 

E, até hoje, Johny lembra daquele natal como um dos melhores.

Pois agora ele não estava mais sozinho. 

Ele tinha um amigo. 

Fim

 

Aconteceu de novo

Aconteceu de novo
você veio falar comigo
será que estou apaixonado?
seus olhos são como mel pra mim
você me disse que o monitor falava
rimos disso e passamos um tempo

o que tinha ocorrido minutos antes?

Aconteceu de novo
você veio falar comigo
sabe, bem que você podia fazer isso mais
com maior frequência
acho que estou apaixonado
você é diferente de mim
mas de certa forma
igual

O que se pensava no século 17?
certamente não o que eu penso de você
certamente não

o que tinha ocorrido minutos antes?

Ah sim! Você veio falar comigo

Incamisetada

Ela usa roupas diferentes
quando a gente sai
é sempre uma surpresa
uma coisa nova
nunca a vi usando algo igual

O guarda-roupas dela deve ser incrível
mil portas e gavetas
verde mar e gigante
possivelmente alguém poderia se perder ali

Uma calça
uma blusa
uma bota
e uma bolsa
nada comum

Uns furos aqui e ali
tecidos, metais e... e couro?
verde, preto e... e cinza?
uma junção de cores invejável

Onde ela compra essas peças?
ela as compra?
alguém da a ela?
o que eu sei sobre ela?
certamente ela as arranja em algum lugar
em algum lugar...
em algum lugar nada convencional

isso combina com ela
sim, isso combina com ela   

Hoje senti falta do seu aperto

Hoje senti falta do seu aperto
ainda lembro-me da primeira vez
foi inesperado e espontâneo
macio e duro
foi único

Hoje senti falta do seu aperto
aperto este que na primeira vez
na primeira vez eu não soube como reagir
sete da noite
estava frio

Hoje senti falta do seu aperto
já reagi da maneira certa?
por que foi tão especial?
talvez fosse oito
era fim de ano

Hoje senti falta do seu aperto
como você faz isso?
isso sem dúvidas é um dom
haha um "dom"
e como qualquer outro dom
este deve ser usado para o bem

Hoje senti falta do seu aperto
se você se for... por favor
me aperte antes de ir
se for possível
não vá

Hoje senti falta do seu aperto
seu aperto aperta meu coração até hoje 
 

Está chegando o carnaval

Está chegando o dia da grande festa
vamos nos preparar desde o fim da última vez
estão indo para a capital
estão indo para as pequenas cidades
o que será que vai acontecer no final?

Está chegando o grande feriadão
os comerciantes fecham as lojas
pintam o cabelo e saem vestidos de mulher
estão realizando um sonho, esquecendo
esquecendo o que vem acontecendo, esquecendo o que quiser

Está se aproximando a data festiva
a festa não será fechada
a festa não será para eles, nem para nós
será em cada rua, como alerta a parede enfaixada
e mais uma vez será uma comemoração atroz
 
Estou cansado
que tal matar algumas pessoas na beira da calçada?
sei lá
talvez eu só queira curtir
vou tentar

Aqueçam seus corações solitários de pura besteira
encham sua cabeça de álcool e pornografia
ou simplesmente continue se retraindo
afundando em um poço sem fim
em algum ponto acreditando que é especial  

Alegre-se!
está chegando o carnaval 
 

Juntando os cacos #1

JANEIRO

- Fui a um "primeiro dia de ano escolar" pela última vez(e, ainda sim, senti aquele frio na barriga)

- Estou concluindo esse álbum, chamado "Metronia Canções"(sim, estou mais atrasado que as obras superfaturadas do governo)

- Aprendi a tocar uma música muito especial, "In my life". Sei bem que eu deveria por coisas mais undergrounds nesse quesito, mas...)

- Terminei de ler "Eu robô(i, robot) do esplêndido autor de mil faces, Isaac Asimov.

- Publiquei o que fiz. Te vejo no mês que vem!(see you on next month!) 

A jornada de José Odelino - Parte 1

José vivia em uma fazenda muito distante de qualquer indicio de uma civilização globalizada. Ele passava o dia ajudando os adultos, tirando leite das vacas, limpando os currais, alimentando as galinhas e, acima de tudo, regando as plantas.
"José, ocê dexô a porteira aberta de novo!" exclamou uma das mulheres adultas cheia de rugas na cara. "As galinha tão fugindo!"
José saiu correndo a tropeços, seu corpo esguio o ajudou a ganhar velocidade, conseguindo trancar a porteira e, além disso, conseguindo resgatar as galinhas que já estavam longe.
Outro dia, José foi ajudar um adulto de bigode a consertar o telhado da cozinha, que havia sido danificado por uma forte tempestade em uma noite daquelas que não se dorme. Tudo ia bem, até que por um momento José se distraiu e acabou atrasando o conserto em pelo menos mais duas horas.   
E assim seguiu a vida de José. Em suma pacata, porém, com alguns contratempos episódicos que reanimavam as coisas naquela terra há muito esquecida por deus.
Às vezes José conseguia ler algumas palavras nos jornais dos adultos. "Es-es... está acabado" leu mexendo excessivamente os lábios. As imagens era o que mais o fascinava. Às vezes José olhava para os jornais e tinha vontade de saber de onde eles vinham, mas, logo José era chamado para mais uma trabalho. Dessa vez ele teria que lavar o pátio central.
José Odelino, um típico filho de fazendeiro fadado a herdar os deveres da roça. A cela seria passada de pai para filho novamente. Será mesmo? Será que o jovem Odelino já tinha todo um destino reservado? Pra ser sincero... Eu acho que não.

Pássaro Negro

Pássaro negro, vá para casa
a noite escura aqui já está
seu canto nem sempre traz
saciação a um ouvinte voraz

Pássaro negro, vá para casa
passaremos fome esta noite
já lhe disse que a comida é pouca
estamos em apuros, sua asa está solta

Pássaro negro, vá para casa
aqui você não verá o sol nascer
sinto que já  não nos resta muito tempo
siga o vento e permaneça atento

Pássaro negro, vá para casa
você deve partir imediatamente
não esqueça de levar os restos de semente
e se por acaso você tiver dúvidas, apenas siga em frente

Pássaro negro, vá para casa
Pássaro negro, hoje você se vai
Pássaro negro, sentirei sua falta
Pássaro negro, já me sinto só